sábado, 18 de setembro de 2010

Mestres congadeiros revelam a força da tradição afro-brasileira em Goiânia

                                                                                                                                      Ceiça Ferreira
      
        Seu Osório Alves (Capitão do Terno Verde e Preto da Congada da Vila João Vaz), Seu Onofre Costa dos Santos (Criador da Congada 13 de Maio) e Lázaro Eurípedes Silva, mais conhecido como Mestre Mancha Negra (Presidente e Capitão do Terno Moçambique) têm em comum a luta pela tradição da congada, que mesmo diante das dificuldades mantém firme no compromisso de transmitir aos mais novos os valores e os princípios de sua fé em Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. E juntamente com essa devoção aos santos católicos, a congada expressa em cores, ritmos e saberes a resistência da cultura afro-brasileira.


                                                                                  Mário de Souza


            Com 73 anos, Seu Osório relembra emocionado a história de seu pai, Pedro Cassimiro Alves, exemplo de vida e de amor pela congada, mestre com quem aprendeu tudo o que sabe e por quem se mantém sua luta por essa tradição. “A congada era o sonho do meu pai”, afirma esse ancião que hoje é também um mestre, e há 37 anos é o capitão do Terno Verde e Preto, primeiro terno na Vila João Vaz, que juntamente com o Terno Marinheiro forma com amigos e parentes uma grande família, na qual o mestre Osório tem a função de envolver os jovens na continuidade da congada, de manter essa tradição que tem como fundamento a reverência aos mais velhos, àqueles que já se foram, mas que deixaram seu exemplo de luta e resistência. “A congada não vai acabar, por quem tem a motivação dessa juventude que mesmo não sendo do mesmo sangue participa, se torna também meus filhos e netos, e quando eu partir, sei que vai ter gente para continuar”, afirma Seu Osório. 


                                                                                                                                      Mário de Souza 

      Também outro mestre congadeiro, Seu Onofre Costa dos Santos, criador da Congada 13 de Maio, destaca sua paixão pela congada, desde sua criação com apenas algumas crianças e hoje com dezenas de participantes, mas também relata as dificuldades vividas nesses 39 anos em que renova sua fé em Nossa Senhora do Rosário, e mantêm com orgulho e persistência seus valores. “Amo demais a congada, mas se eu fosse homem mole não tava aqui”, afirma seu Onofre que com a autoridade e a sabedoria de um grande mestre transmite por meio da oralidade sua vivência e amor pela congada, manifestação religiosa e expressão de resistência da cultura afro-brasileira.


                                                                                       Acervo Lagente

           Impossível falar de congada em Goiânia, sem citar Lázaro Eurípedes Silva, mais conhecido como Mestre Mancha Negra, presidente e Capitão do Terno Moçambique, primeiramente por que sua história de vida se mistura à história do Moçambique do qual faz parte desde criança quanto ainda morava em Uberlândia, e também o Moçambique é o guardião do Rei e da Rainha de Congo, representação simbólica pela qual essa tradição relembra e revive a memória coletiva de origem africana, que pelo papel fundamental dos mestres é capaz de resistir, de manter-se forte e viva, e isso só é possível porque esses homens têm em comum uma forma específica de ensinar, método que requer a vivência,  a capacidade de ouvir e aprender com os mais velhos, que pela palavra transmitem valores, sentimentos, gestos e tudo o compõe sua experiência de vida, seu exemplo de luta e superação.

Um comentário:

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