terça-feira, 18 de setembro de 2007

O cabelo como expressão da cultura negra





Os penteados, os dreads e as tranças tomaram conta do nosso cotidiano. A estética negra deixou os guetos e se universalizou com uma forma de valorização da negritude. Porém, o cabelo é ainda mais do que beleza, modismo ou auto-afirmação, basta lembrar sua importância para o africano.

Segundo a antropóloga Nilma Lino Gomes, nas sociedades africanas, o estilo do cabelo indica o estado civil, a origem geográfica, a idade, a religião, a identidade étnica e a posição social das pessoas. O significado social do cabelo é uma riqueza para o africano.

Por isso, o cuidado com o cabelo não está relacionado apenas a vaidade, ele revela o estado de espírito, as qualidades físicas e até morais da pessoa.

Para os africanos escravizados e trazidos para o Brasil, o cabelo era uma forma de resistência e busca da liberdade. Em um contexto de violência e exploração em que o negro era considerado coisa, mercadoria, a manipulação do corpo com as tranças, os cultos ou a capoeira era uma forma de manter sua humanidade, de preservar sua cultura. E eles conseguiram, pois os penteados afro que vemos atualmente são a expressão viva dessa tradição.

Para o afrodescendente, manipular o cabelo significa recriar sua identidade negra, se posicionar como negro, destacando aspectos importantes de sua história e cultura, que nos remetem a ancestralidade africana.

Uma oportunidade para conhecer e aprender as técnicas em penteados afro são as oficinas do IV Encontro Afro-Goiano, que será realizado de 21 a 23 de setembro, na Cidade de Goiás. O evento é uma iniciativa do Sebrae em Goiás, em parceria com entidades ligadas ao Movimento Negro e tem como objetivo a inclusão social por meio do empreendedorismo étnico-cultural.

Oficina: Técnicas em Penteados Afro
Sexta (21/09): das 9 às 13h
Sábado (22/09): das 14 às 18h
Local: Bodega Fantástica
Mais informações:www.sebraego.com.br

Fotos: Sílvio Simões

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