sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Projeto Iê, Viva Zumbi!! homenageia Mestre Pastinha







 Foto: Grupo Calunga de Capoeira Angola

A segunda edição do projeto Iê, Viva Zumbi!  tem continuidade neste domingo (13/11), no período matutino, com a roda de “Capoeira Angola em Homenagem à Memória de Mestre Pastinha”, no município de Professor Jamil (GO). Realizada todos os anos em reverência à data de falecimento (13/11/1981) de um dos maiores representantes da Capoeira Angola, Mestre Pastinha, a atividade é promovida pelo Grupo Calunga, em parceria com o Grupo de Mulheres Negras Dandara do Cerrado.  

Mestre Pastinha é reverenciado por todos os capoeiristas, sejam eles ligados à Capoeira Angola ou à Capoeira Regional. Mesmo após 30 anos de sua morte, é lembrado no Brasil e no mundo todo, em locais onde os seus discípulos mantêm vivos seus ensinamentos e tradição. “Devemos comemorar a resistência desses mestres negros que lutaram e lutam para mudar uma história de segregação e violência, e conseguiram deixar um legado ímpar para a nossa cultura”, destaca Mestre Guaraná, idealizador do evento e coordenador do Grupo Calunga. 

 MESTRE PASTINHA



"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista." (PASTINHA)


Vicente Joaquim Ferreira Pastinha nasceu em Salvador, em 5 de abril de 1889 e lá faleceu em 13 de novembro de 1981. Mais conhecido por Mestre Pastinha, foi um dos principais mestres de Capoeira da história. Dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". 

Em depoimento prestado no ano de 1967, no Museu da Imagem e do Som, Mestre Pastinha relatou a história da sua vida. Conta ele que, franzino, outro menino mais forte tornou-se “seu rival”. Era só sair para a rua que acontecia brigas. Um dia, da janela de sua casa, um velho africano chamando Benedito assistiu a uma briga e decidiu ensinar o menino a se defender. A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência. Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. 

Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino e a prática do jogo da capoeira hoje chamada “Angola” é reconhecida enquanto expressão artística, que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade mais "tradicional" no Brasil. 

Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai. Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. 

Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981, aos 93 anos. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo. "Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento: "Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

SERVIÇO:
IÊ, VIVA ZUMBI!
RODA DE CAPOEIRA ANGOLA EM HOMENAGEM A MESTRE PASTINHA
Data: 13/11/11
Período: Matutino
Local: Professor Jamil (município)
Realização: Grupo Calunga de Capoeira Angola
Informações: 9137-8025 (Murilo Barros)
Assessoria de Imprensa: OlhO Comunicação – Janaina Gomes (62) 8419-2739

 

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