Ceiça Ferreira*
No próximo
domingo, 13 de maio, dias das mães, às 9 horas, a Igreja Matriz de Campinas e
também as ruas da histórica campininha ficarão ainda mais bonitas, e sem
dúvida, muito mais alegres. Pois celebrando uma tradição que há mais de seis
décadas existe em Goiânia, a irmandade da Vila Santa Helena e a irmandade 13 de
Maio, juntamente com vários ternos, catupés e moçambiques levarão suas
cores, ritmos, cantos e louvores para esse grande Encontro das Congadas, que
homenageia Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, e também
revela a força ancestral da cultura afro-brasileira.
Unindo
anciãos e anciãs, jovens, crianças, homens e mulheres, os grupos de congada
destacam a diversidade, não apenas na riqueza de seus ritmos, indumentárias e
estilos, mas no caráter plural desta instituição que agrega aqueles e aquelas
que têm em comum a devoção aos santos católicos e também o desejo de manter
viva essa tradição, de dar continuidade ao que é ensinado por nossos mestres e
mestras.
E é
exatamente o desejo e a fé que move congadeiros e congadeiras, visto que durante
todo o ano eles se preparam para essa festa, articulam apoios e mobilizam toda
a comunidade na organização das Congadas. E desde as novenas em louvor a Nossa
Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, os momentos festivos, as
procissões nos bairros e o grande cortejo pelas ruas de Campinas, tudo isso é feito
com um esmero absoluto de quem deseja dar o melhor de si, isso a cada ano, porque
a festa é um momento ímpar, de celebração, e principalmente de orgulho.
Nesse dia,
homens e mulheres negras se tornam capitães, reis, rainhas e princesas do
Congo, se mostram, e de cabeça erguida rompem as barreiras, do espaço urbano,
do racismo e da indiferença, cantam e dançam, e mesmo debaixo de um sol
escaldante se mantém fortes, festejam sua fé e sua alegria de viver.
Essa força
ancestral se expressa nos braços de quem faz o toque das caixas de congo, na
regência dos capitães, no som da sanfona. E lembrando o papel fundamental das
matriarcas e congadeiras, destaco o quanto feminino se faz presente no Congado,
seja na delicadeza dos passos das bandeirinhas, no bailado de rainhas e
princesas, e também em postos antes nunca ocupados por mulheres, na Congada
Irmandade 13 de maio, temos Cristina, única tocadora de caixa; e também a jovem
Vilmara, que pelo segundo ano tocará sanfona, assumindo a função que era do
avô, seu Onofre (Fundador desta irmandade).
Impossível
não lembrar das fardas dos congos, catupés e moçambiques, tão caprichosamente
preparadas, tão cheias de detalhes, cores, estampas, fitas e adereços. Ao
vestir a farda, congadeiros e congadeiras se unem em um mesmo propósito, ficam
imponentes, exuberantes, valentes. É essa coragem que os ajuda a enfrentar os
desafios que encontram pelo caminho e os mantém nessa tradição, convictos de
sua crença, e do seu respeito que devem aos antepassados (nossas raízes) e a
todos/as que fazem com que essa festa se realize e se fortaleça.
Encontro das
Congadas de Goiânia
Domigo (13
de maio), às 9 horas, na Igreja Matriz de Campinas
Fotos: Mário Souza e Dalton Paula
*Ceiça Ferreira é
jornalista, doutoranda em Comunicação na Universidade de Brasília (UnB), e
desenvolve atividades com mídia, culturas negras e comunicação em movimentos
sociais.
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